"Tudo começou pelo olhar. Foi nos meus olhos que o amor começou...Eu só tinha aquilo que meus olhos ofereciam: uma imagem. Imagens são criaturas de luz. Foi isto que meus olhos viram, foi isto que amei..." [Rubem Alves]

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Coisas da vida…a vida e coisas…

Mulher, aparenta uns setenta e poucos anos, quase oitenta, provavelmente tenha menos idade, mas as marcas do tempo e do sofrimento revelam uma senhora…
…deve ser moradora de rua, veste saia longa com um sobretudo preto, duas peças bem surradas…
…ali, parada em frente a um canteiro cheio de flores…em plena Avenida Paulista…um olhar parado…
…de repente, despara a falar, descutir com as plantas, penso eu, que ela não via as plantas e sim, algo que só está dentro de sua mente…
…tira o sapato e mostra para o canteiro seu pé completamente sujo e judiado…reclama…reclama…olha para as plantas novamente, implorando atenção, sorri querendo chorar…é de cortar o coração…

Meus olhos se encheram de lágrimas que começaram a cair…lágrimas de entendimento e compreenção, pena não poder fazer nada ou achar que não posso…
…conheço de perto esta situação, só conseguimos sentir a dor do outro quando vivenciamos algo igual ou semelhante…
…minha mãe, era mais ou menos assim, viveu muito em clinicas de repouso, idas e vindas desde os meus 10 anos…
…lá, conheci todos os tipos de gente, viciados, alcólatras, esquizofrênicos e perturbados…gente bem jovem e também gente bem idosa…
…aprendi muito, é difícil, mais grandioso…o tempo diz isso quando você consegue ultrapassar todas as barreiras do sofrimento do outro e do seu próprio sofrimento…
…mas, o que importa é que aprendi muito…
…aprendi a ser o que sou hoje…sei que se preciso fosse, faria tudo de novo, só para poder tê-la ainda por aqui…linda sempre!
Pena aquela mulher não ter ninguém e ser tão só… *-*


Coisas da Vida
Rita Lee

Quando a lua apareceu ninguém sonhava mais do que eu
Já era tarde, mas a noite é uma criança distraída
Depois que eu envelhecer ninguém precisa mais me dizer
Como é estranho ser humano nessas horas de partida
É o fim da picada, depois da estrada começa uma grande avenida
No fim da avenida, existe uma chance, uma sorte, uma nova saída
Qual é a moral, qual vai ser o final dessa história
Eu não tenho nada prá dizer, por isso digo
Que eu não tenho muito o que perder, por isso jogo
Eu não tenho hora prá morrer, por isso sonho

Ah, ah, ah, são coisas da vida
Ah, ah, ah, e a gente se olha e não sabe se vai ou se fica, Ah,ah..
Ah, ah, ah, são coisas da vida

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