"Tudo começou pelo olhar. Foi nos meus olhos que o amor começou...Eu só tinha aquilo que meus olhos ofereciam: uma imagem. Imagens são criaturas de luz. Foi isto que meus olhos viram, foi isto que amei..." [Rubem Alves]

quarta-feira, 30 de abril de 2008

Esse seu olhar...

Ela sente que é observada, por olhos que lhe perseguem já faz algum tempo.
Mas quando olha, os olhos dele se escondem...
Então, ela fica imaginando o que passa por trás daquele olhar...e sabe que ele imagina também...
Olhos de menino com postura de homem, respira fundo seduzida por ele, pelo seu jeito...
Silenciosa, sente aquele olhar passar pela sua nuca novamente... pisca os olhos e se distrai por alguns instantes, ela olha e não entende, ele se esconde, então ela percebe...e assim os dias vão passando...
O medo da aproximação é evidente, ela foge e quando fica perto dele, mau consegue respirar...como uma criança envergonhada...sente medo...foge do controle dela...
Um estranho, completamente conhecido por ela...
Admiração? Sim, o admira sem que ele saiba e talvez por isso sente seus olhares...
Ela sabe que seria um alvo fácil de preconceito...já foi atingida pelo veneno alheio... (ela não suportaria!)
Sua vida é confusa e disfarça seus sentimentos...que são só seus.
A dúvida é o preço do que ela sente...
*-*

terça-feira, 29 de abril de 2008

The Monkees

Em 1982, nós, do conjunto Strawberry Fields, tinhamos no repertório esta música "SHE" do conjunto "The Monkees".
Gente, eu era a vocalista desta música... e olha, o público gostava...coitados...mas, o fato é que era divertido à beça...nada pode apagar estes tempos...adoro o You Tube!

The Monkees foi um grupo de rock dos Estados Unidos formado por David Jones (voz e percussão), Micky Dolenz (voz e bateria), Peter Tork (baixo, teclado e voz) e Mike Nesmith (voz e guitarra).
O grupo foi criado em 1965 pela rede americana NBC para rivalizar com o grupo inglês The Beatles.
Tiveram uma série de TV entre 1966 e 1968 e um longa-metragem para cinema chamado Head (no Brasil: "Os Monkees estão soltos"), muito legais... assisti a todos os capítulos do seriado...eles eram patetas e eu me divertia muito com eles...


SHE-The Monkees



(She!) She told me that she loved me
(Ela!) Ela disse que me amava,
And like a fool I believed her from the start
E, assim como um tolo eu acreditava a partir do início
(She!) She said she'd never hurt me,
(Ela!) Ela disse que ela nunca iria me machucar,
But then she turned around and broke my heart.
Mas então ela virou volta e quebrou meu coração.
Why am I standing here
Por que estou de pé aqui
Missing her and wishing she were here?
Ela faltando e desejando que ela estivesse aqui?
(Hey!) She only did me wrong
(Hey!) Ela só me fez mal
(Hey!) I'm better off alone.
(Hey!) Eu estou melhor sozinha.
(She!) She devoured all my sweet love,
(Ela!) Ela devorou todo o meu doce amor,
Took all I had and then she fed me dirt
Eu tinha tomado todas e, em seguida, ela me sujeira
(She!) She laughed while I was crying
(Ela!) Ela ri quando eu estava chorando
It was such a joke to see the way it hurt.
Foi essa uma piada para ver o modo como ele ferido.
Why am I standing here
Por que estou de pé aqui
Missing her and wishing she were here?
Ela faltando e desejando que ela estivesse presente?
(Hey!) She only did me wrong
(Hey!) Ela só me fez mal
(Hey!) I'm better off alone.
(Hey!) Eu estou melhor situação sozinha.
And now I know just why she
E agora eu sei apenas porque ela
keeps me hanging 'round,
mantém-me pendurado 'ronda,
She needs someone to walk
Ela precisa de alguém para caminhar
on so her feet don't touch
de modo a lhe os pés não tocam
the ground
o solo
(Don't touch the ground)
(Não toque no solo)
But I love her!
Mas eu adoro ela!
(Love her!)
(adoro ela!)
I need her!
Eu preciso dela!
(Need her!)
(Necessidade ela!)
I want her!
Quero que ela!
(Want her!)
(Quer ela!)
Yeah! (Yeah!) Yeah! (Yeah!) Yeah! (Yeah!)
Yeah!-Yeah!-Yeah!-Yeah!-She! Yeah!-Yeah!-Yeah!-Yeah!-Ela!

SOLO
Why am I standing here
Por que estou de pé aqui
Missing her and wishing she were here?
Faltam ela e desejando que ela estivesse presente?
(Hey!) She only did me wrong, now
(Hey!) Ela só me fez mal, agora
(Hey!) I'm better off alone. (Hey!)
Eu estou melhor situação sozinha.
(She!) Why am I missing her?
(Ela!) Por que estou faltando com ela?
(She!) I should be kissing her!
(Ela!) Ideve ser beijar ela!
(She!) Why am I missing her?
(Ela!) Por que estou faltando com ela?
(She!) I should be kissing her!
(Ela!) I deve ser beijar ela!

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Silenciosa highway

Cada vez mais me convenço...
Você me faz correr demais os riscos desta highway...
A minha vida é tão confusa...
Por isso não me acuse de ser irracional...
Atrás de palavras escondidas nas entrelinhas do horizonte dessa highway
Silenciosa highway
Eu posso ser um Beatle, um beatnik ou um bitolado
Mas eu não sou ator, eu não tô a toa do teu lado...
Mas não precisamos saber pra onde vamos, nós só precisamos ir...
Nós só queremos viver...
Eu posso estar completamente enganado
Eu posso estar correndo pro lado errado
A dúvida é o preço da pureza...
É inútil ter certeza...
E eles se fizeram aqui...Engenheiros do Hawai na silenciosa Highway...


Engenheiros do Hawai - Infinita Highway (MTV Acoustic)

domingo, 27 de abril de 2008

É Fantástico...

Eu tinha uns 7 ou 8 anos, quando meu pai levou toda a família para comprar a nossa primeira TV a cores em pleno dia de semana...
Fomos até as lojas Sears, onde fica hoje o shopping Paulista...
Além da TV a cores (novidade geral para nós), conheci pela primeira vez uma escada rolante...eu subia e descia com minhas irmãs, muitas e muitas vezes...depois a Televisão foi para o porta malas do carro e ninguém dormiria mais...
Chegamos em casa e meu pai junto com a mãe, tiveram que ligar a TV...nós 3, eu e minhas irmãs, sentadas bem de frente gritamos quando a cor se fez...e no sofá que só cabiam 3, lotamos com os 5 de bocas abertas...me lembro que no domingo seguinte, meu pai não via a hora de assistir o fantástico para ver a abertura colorida e a menina de amarelo dançando no meio dos bailarinos (bem ao centro)...
Quando achei este vídeo do "Fantástico... o Show da Vida", senti aquele dia aqui bem no meu nariz, o nosso momento família, alegria e tudo parece que aconteceu ontem...*-*


Fantástico

sábado, 26 de abril de 2008

Sofismando para um amigo...

Cobrei de um amigo, que mandasse um sofismo...lancei um desafio e tive que começar...aí vai...

Sofismando:
Os cabos dos postes carregam os cantos dos pássaros...
logo, as ruas viram uma grande partitura...
*-*

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Queridos Poetas

Hoje eles se fizeram de carne e osso...Vinícius e Tom...não resisti a eles que me visitam aqui no blog...
Foi um prazer...queridos poetas...minha alegria se fez depois de um dia tão cheio...

Soneto de Fidelidade

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Nem a rosa, nem o cravo...

Jorge Amado

As frases perdem seu sentido, as palavras perdem sua significação costumeira, como dizer das árvores e das flores, dos teus olhos e do mar, das canoas e do cais, das borboletas nas árvores, quando as crianças são assassinadas friamente pelos nazistas? Como falar da gratuita beleza dos campos e das cidades, quando as bestas soltas no mundo ainda destroem os campos e as cidades?

Já viste um loiro trigal balançando ao vento? É das coisas mais belas do mundo, mas os hitleristas e seus cães danados destruíram os trigais e os povos morrem de fome. Como falar, então, da beleza, dessa beleza simples e pura da farinha e do pão, da água da fonte, do céu azul, do teu rosto na tarde? Não posso falar dessas coisas de todos os dias, dessas alegrias de todos os instantes. Porque elas estão perigando, todas elas, os trigais e o pão, a farinha e a água, o céu, o mar e teu rosto. Contra tudo que é a beleza cotidiana do homem, o nazifascismo se levantou, monstro medieval de torpe visão, de ávido apetite assassino. Outros que falem, se quiserem, das árvores nas tardes agrestes, das rosas em coloridos variados, das flores simples e dos versos mais belos e mais tristes. Outros que falem as grandes palavras de amor para a bem-amada, outros que digam dos crepúsculos e das noites de estrelas. Não tenho palavras, não tenho frases, vejo as árvores, os pássaros e a tarde, vejo teus olhos, vejo o crepúsculo bordando a cidade. Mas sobre todos esses quadros bóiam cadáveres de crianças que os nazis mataram, ao canto dos pássaros se mesclam os gritos dos velhos torturados nos campos de concentração, nos crepúsculos se fundem madrugadas de reféns fuzilados. E, quando a paisagem lembra o campo, o que eu vejo são os trigais destruídos ao passo das bestas hitleristas, os trigais que alimentavam antes as populações livres. Sobre toda a beleza paira a sombra da escravidão. É como u'a nuvem inesperada num céu azul e límpido. Como então encontrar palavras inocentes, doces palavras cariciosas, versos suaves e tristes? Perdi o sentido destas palavras, destas frases, elas me soam como uma traição neste momento.

Mas sei todas as palavras de ódio, do ódio mais profundo e mais mortal. Eles matam crianças e essa é a sua maneira de brincar o mais inocente dos brinquedos. Eles desonram a beleza das mulheres nos leitos imundos e essa é a sua maneira mais romântica de amar. Eles torturam os homens nos campos de concentração e essa é a sua maneira mais simples de construir o mundo. Eles invadiram as pátrias, escravizaram os povos, e esse é o ideal que levam no coração de lama. Como então ficar de olhos fechados para tudo isto e falar, com as palavras de sempre, com as frases de ontem, sobre a paisagem e os pássaros, a tarde e os teus olhos? É impossível porque os monstros estão sobre o mundo soltos e vorazes, a boca escorrendo sangue, os olhos amarelos, na ambição de escravizar. Os monstros pardos, os monstros negros e os monstros verdes.

Mas eu sei todas as palavras de ódio e essas, sim, têm um significado neste momento. Houve um dia em que eu falei do amor e encontrei para ele os mais doces vocábulos, as frases mais trabalhadas. Hoje só 0 ódio pode fazer com que o amor perdure sobre o mundo. Só 0 ódio ao fascismo, mas um ódio mortal, um ódio sem perdão, um ódio que venha do coração e que nos tome todo, que se faça dono de todas as nossas palavras, que nos impeça de ver qualquer espetáculo - desde o crepúsculo aos olhos da amada - sem que junto a ele vejamos o perigo que os cerca.

Jamais as tardes seriam doces e jamais as madrugadas seriam de esperança. Jamais os livros diriam coisas belas, nunca mais seria escrito um verso de amor. Sobre toda a beleza do mundo, sobre a farinha e o pão, sobre a pura água da fonte e sobre o mar, sobre teus olhos também, se debruçaria a desonra que é o nazifascismo, se eles tivessem conseguido dominar o mundo. Não restaria nenhuma parcela de beleza, a mais mínima. Amanhã saberei de novo palavras doces e frases cariciosas. Hoje só sei palavras de ódio, palavras de morte. Não encontrarás um cravo ou uma rosa, uma flor na minha literatura. Mas encontrarás um punhal ou um fuzil, encontrarás uma arma contra os inimigos da beleza, contra aqueles que amam as trevas e a desgraça, a lama e os esgotos, contra esses restos de podridão que sonharam esmagar a poesia, o amor e a liberdade!

O texto acima foi publicado no jornal "Folha da Manhã", edição de 22/04/1945, e consta do livro "Figuras do Brasil: 80 autores em 80 anos de Folha", PubliFolha - São Paulo, 2001, pág. 79, organização de Arthur Nestrovski.atencioso, de terno riscado, aquele, como é mesmo o nome?

segunda-feira, 21 de abril de 2008

"Piaf – Um Hino ao Amor"

Hoje, no cinesesc...chorei, sorri...vivi emoções fortes... com o filme..."Piaf – Um Hino ao Amor". Maravilhoso...
O filme mistura as várias fases da vida de Edith Piaf... vai envolvendo você plenamente, quando se da conta, está vivendo a história de sua vida. Ela tinha um temperamento forte e era amada pela sua paixão que era a música...uma deusa que transmitirá sempre esta paixão...
A francesa Marion Cotillard, levou o Oscar de melhor atriz por sua interpretação de Edith Piaf, completamente merecido...uma das melhores interpretações que vi nos últimos tempos...

Filme

A trajetória da cantora Edith Piaf, que, abandonada pela mãe, foi criada pela avó em um bordel. Descoberta nos anos 30 em Paris, ela é reconhecida internacionalmente logo após gravar seu primeiro disco. Diretor: Olivier Dahan Elenco: Marion Cotillard, Sylvie Testud, Pascal Greggory, Emmanuelle Seigner, Jean-Paul Rouve, Gérard Depardieu, Clotilde Courau, Jean-Pierre Martins, Catherine Allégret, Marc Barbé.

A deusa Piaf, veio encantar o blog com "Non, Je Ne Regrette Rien"...o final do filme termina com este video e com muitas lágrimas...amei!

Non, Je Ne Regrette Rien (Hino ao amor, Marion Coutillard)


Non, rien de rien
Non, je ne regrette rien
Ni le bien qu'on m'a fait, ni le mal
Tout ça m'est bien égal
Non, rien de rien
Non, je ne regrette rien
C'est payé, balayé, oublié
Je me fous du passé
Avec mes souvenirs
J'ai allumé le feu
Mes chagrins, mes plaisirs
Je n'ai plus besoin d'eux
Balayés mes amours
Avec leurs trémolos
Balayés pour toujours
Je repars à zéro
Non, rien de rien
Non, je ne regrette rien
Ni le bien qu'on m'a fait, ni le mal
Tout ça m'est bien égal
Non, rien de rien
Non, je ne regrette rien
Car ma vie
Car mes joies
Aujourd'hui
Ça commence avec toi...


Não, de jeito nenhum (tradução)

Não, de jeito nenhum
Não, eu não me arrependo de nada
Nem o bem que me fizeram, nem o mal
Tudo me parece igual
Não, de jeito nenhum
Não, eu não me arrependo de nada
Está pago, varrido, esquecido
Eu estou farta do passado
Com minhas lembranças, eu alimentei o fogo
Eu não preciso mais deles
Varri meus amores
Junto a seus aborrecimentos
Varri por todo dia
Eu volto ao zero
Não, de jeito nenhum
Não, eu não me arrependo de nada
Nem o bem que me fizeram, nem o mal
Tudo me parece igual
Não, de jeito nenhum
Não, eu não me arrependo de nada
Minha vida
Minhas jóias
Hoje
Começa com você

domingo, 20 de abril de 2008

Coisas do Coração

Hoje, caminhando pela estrada, com muitas gotas de chuva sobre os vidros, ouvindo João Bosco que me fez ter um diálogo, destes fortes, de mulher para mulher, eu comigo mesma....pude ver o quanto sou apaixonada por tantas coisas e me lembrei do poeta...o pouco que vejo o poeta ele me faz tão feliz... sem saber...
Então, respirei fundo e continuei rumo ao meu destino...pra que complicar se a gente pode se divertir, sonhar e viver...e se deixar viver...seja lá como for...

E João me falou sobre "Quando o amor acontece "...então sorri...


João Bosco - Quando o amor acontece


Coração
Sem perdão,
Diga fale por mim
Quem roubou toda a minha alegria
O amor me pegou,
Me pegou pra valer
Aí que a dor do querer,
Muda o tempo e a maré
Vendaval sobre o mar azul

Tantas vezes chorei,
Quase desesperei
E jurei nunca mais seus carinhos
Ninguém tira do amor,
Ninguém tira, pois é
Nem doutor nem pajé,
O que queima e seduz, enlouquece
O veneno da mulher

O amor quando acontece
A gente esquece logo
Que sofreu um dia,
Ilusão
O meu coração marcado
Tinha um nome tatuado
Que ainda doía,
Pulsava só a solidão

O amor quando acontece
A gente esquece logo
Que sofreu um dia,
Esquece sim
Quem mandou chegar tão perto
Se era certo um outro engano
Coração cigano
Agora eu choro assim

sábado, 19 de abril de 2008

Prosa sedutora...

Quando falo de prosa logo lembro de Marina Colasanti, com sua prosa lírica, rica, cheia de detalhes sedutores...um talento que aprecio muito...me identifico com a forma que escreve e descreve as coisas...
Ela é uma escritora e jornalista ítalo-brasileira nascida na então colônia italiana da Eritréia. Ainda criança sua família emigrou para o Brasil com a eclosão da Segunda Guerra Mundial.
Como escritora, publicou 33 livros, entre contos, poesia, prosa, literatura infantil,e infanto-juvenil.
Hoje ela entra para os Amigos do Blog, com o post "ENCÂNTICO", completamente sedutor...



ENCÂNTICO
(Marina Colasanti)

"Estou de partida. Breve, me mudarei para a curva do teu braço.

Busco a terra sem vento, a mansa terra do teu peito. E a batida surda e quente do magma mais profundo, para embalar o meu sono. Busco a tranqüilidade da enseada. Já conheci as águas que é preciso saber. Fui bem além das colunas de Hércules e há muito descobri que por mais longe o mar, jamais despenca. Sereia, lancei meu canto por entre espumas, encantei marinheiros. E eu própria naveguei, seguindo as estrelas do céu, contando as estrelas do mar, até chegar a portos dos quais nem suspeitava a existência.

Agora é tempo de lançar as tranças na água e deixar que se enlacem nos rochedos, ancorando-me ao meu destino. Escolho o teu lado esquerdo, onde me beija o sol poente. E espero que a tua mão direita amaine as minhas selas. Assim, acima do teu coração, encosto a cabeça. E pequena como um grão, deito raízes. Aprenderei a conhecer-te através da planta dos meus pés, como o cego sabe onde pisa, como o índio conhece a trilha? Se for mansa, a maré das colinas, terei certeza de que dormes, ou pensas em silêncio. Se, de repente, meu solo se encrespar, tangido por um vento só teu, será o frio que te toca. O medo, saberei no tremor subterrâneo. E quando o suor correr farto, enchendo rios sem peixes, ameaçando me levar, será tempo de calor, será o verão cantando na tua pele.

Aprenderei a tatear-te com as mãos, a procurar meus caminhos nos valões dos músculos. Fluirei devagar, dormirei nas axilas. Não preciso de casa. Não preciso de abrigo. A terra da tua carne é quente e nada me ameaça. Posso deitar-me nua, dormir tranqüila, ou ficar acordada, olhando para o alto. O céu é calmo, as nuvens passam, indo a outros lugares. Nenhuma traz a chuva, ou a tempestade. Não preciso de pente, não preciso de panos. O orvalho da tua pele me banha de manhã e a tua respiração arruma os meus cabelos. Só quero um cavalo. Galoparei com ele as dunas do teu corpo, descerei pelos braços, avançarei pelas mãos, arriscando-me à queda nos penhascos dos dedos. Explorarei o teu ventre, matarei a minha sede no poço do teu umbigo. E, armada de desejo, penetrarei na selva dos teus pelos, emaranhada e perfumada noite, delta dos sumos, labirinto que imperioso, me chama e suave, me perde. Só depois, percorridas as pernas, visitados os pés, voltarei corpo acima, ventre, peito, subindo em peregrinação até o pescoço, repousando no vale da omoplata.

Talvez leve um cantil para a dura escalada do teu queixo. Subirei com cuidado, usando como apoio os fios de barba, procurando a caverna das orelhas para repouso e abrigo. Barulho não farei, prometo. Nada que te perturbe. Talvez no dia seguinte, ou mais ainda, passando-se outro dia na difícil subida, eu procure chegar até teus olhos. Se estiverem fechados, sentarei com paciência, esperando o milagre da íris descoberta nascer do olho que se renova a cada despertar, astro de luz, surgindo sob o horizonte da pálpebra. Se estiverem abertos, sentarei à beira deste lago, fonte, olho d'água, encantada com a dança dos reflexos, ilusórios peixes, deslizando suas sombras sob um fundo sem algas. E haverá um momento em que, vencendo o medo, mergulharei na transparência, para nadar em direção ao redemoinho negro da pupila.

A aresta do nariz é perigosa. Eu bem conheço a sua linha sinuosa, sua falsa maciez sobre o duro arcabouço. Não convém que a acompanhe. Seguirei pelo lado, encostando-me às arestas, esgueirando-me para não ser tragada. Não tentarei desvendar o mistério do sopro. À boca, chegarei com respeito. Virei pelo canto, descendo ao lábio inferior, o mais carnudo. Avançarei deitada, rastejando-me de leve na pele úmida, até chegar à borda. E me debruçarei sobre as palavras. Breve me mudo para a curva do teu braço. Não saberei mais de você do que já sei. Nem você saberá mais de mim. Mas talvez assim perto, encostada na raiz do teu ser, eu possa me esquecer de onde começo e me esquecer em ti na minha entrega."

sexta-feira, 18 de abril de 2008

A poesia do jornalista...

Recebi de uma amiga esta mensagem...muito bom!
Nada como olharmos para as nossas desgraceiras...rs...merecemos uns aos outros...bando de jornalistas que não tem nada melhor para fazer a não ser seguir estes mandamentos...TDB!

Mandamentos do jornalista
Contam os alfarrábios que quando Deus liberou para os homens o conhecimento sobre a informação, determinou que aquele 'privilégio' iria ficar restrito a um grupo muito pequeno de pessoas. Mas neste pequeno grupo, onde todos se acham 'semideuses', já havia aquele que iria trair as determinações divinas.
Aí aconteceu o pior! Deus, bravo com a traição, resolveu fazer valer alguns dos mandamentos do jornalista:

1 Não terás vida pessoal, familiar ou sentimental.

2 Não terás feriado, fins de semana ou qualquer outro tipo de folga.

3 Estarás condenado ao eterno cansaço físico e mental.

4 Terás gastrite, se tiveres sorte. Se fores como a maioria, terás pressão alta, princípios de enfarte, estresse e depressão.

5 A pressa será tua sombra e tuas refeições principais serão o lanche da padaria da esquina, a pizza do pescoção ou uma coxinha comprada no buteco mais próximo do local onde realizarás as reportagens.

6 Teus cabelos ficarão brancos antes do tempo; se te sobrarem cabelos.

7 Tua sanidade mental será posta em xeque antes de completares cinco anos de trabalho.

8 Ganharás muito pouco, não terás promoção, não terás perspectiva de melhoria e não receberás elogios de seus superiores e leitores. Porém, as cobranças serão duras, cruéis e implacáveis.

9 Trabalho será teu assunto preferido; talvez o único.

10 A máquina de café será tua melhor colega de trabalho; a cafeína, porém, não fará mais efeito.

11 Os butecos que ficam abertos de madrugada serão tua única diversão e somente neles poderás encontrar malucos iguais a ti.

12 Terás pesadelos freqüentes com horários de fechamento, palavras escritas erradas, reclamações de leitores, matérias intermináveis, processos, gritos ao telefone... E, não raro, isso acontecerá durante o período de férias.

13 Tuas olheiras e mau humor serão teus troféus de guerra.

14 Por mais que sejas um profissional ético, serás visto na rua como um canalha.

15 E, apesar de tudo isso, haverá uma legião de "focas" querendo ocupar o seu lugar

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Saber não ocupa espaço!

Você sabe o que é TAUTOLOGIA?

A tautologia (do grego ταὐτολογία) é , na retórica, um termo ou texto redundante, que repete a mesma idéia. Como um vício de linguagem pode ser considerada um sinônimo de pleonasmo ou redundância. A origem do termo vem de do grego tautó, que significa "o mesmo", mais logos, que significa "assunto". Portanto, tautologia é dizer sempre a mesma coisa em termos diferentes.

Em filosofia e outras áreas das ciências humanas, diz-se que um argumento é tautológico quando se explica por ele próprio, às vezes redundantemente ou falaciosamente. Por exemplo, dizer que "o mar é azul porque reflete a cor do céu e o céu é azul por causa do mar" é uma afirmativa tautológica. Da mesma forma, um sistema é caracterizado como tautológico quando não apresenta saídas à sua própria lógica interna — em outro exemplo, exige-se de um trabalhador que tenha curso universitário para ser empregado, mas ele precisa ter um emprego para receber salário e assim custear as despesas do curso universitário.


Exemplos na língua portuguesa:

O exemplo clássico é o famoso "subir para cima" ou o "descer para baixo". Mas há outros, como você pode ver na lista a seguir:

- elo de ligação - acabamento final - certeza absoluta - quantia exata - nos dias 8, 9 e 10, inclusive - juntamente com - expressamente proibido - em duas metades iguais - sintomas indicativos - há anos atrás - vereador da cidade - outra alternativa - detalhes minuciosos - a razão é porque - anexo junto à carta - de sua livre escolha - superávit positivo - todos foram unânimes - conviver junto - fato real - encarar de frente - multidão de pessoas - amanhecer o dia - criação nova - retornar de novo - empréstimo temporário - surpresa inesperada - escolha opcional - planejar antecipadamente - abertura inaugural - continua a permanecer - a última versão definitiva - possivelmente poderá ocorrer - comparecer em pessoa - gritar bem alto - propriedade característica - demasiadamente excessivo - a seu critério pessoal - exceder em muito .

Note que todas essas repetições são dispensáveis. Por exemplo, "surpresa inesperada". Existe alguma surpresa esperada? É óbvio que não. Wikipédia

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Acontece....

É tarde, todos dormem...
...acontece que acabei de chegar do trabalho e o sono se foi...lá pelas 6:30 hrs. estarei de pé...ai ai ai ai ai...fazer o que se o sono não vem...massss...
...a caminho de casa me juntei a minha timidez (parte 2) e novamente achei graça...Cecília Meireles veio se juntar a mim...então sorri e me lembrei...


Timidez

Basta-me um pequeno gesto,
feito de longe e de leve,
para que venhas comigo
e eu para sempre te leve...

- mas só esse eu não farei.

Uma palavra caída
das montanhas dos instantes
desmancha todos os mares
e une as terras mais distantes...

- palavra que não direi.

Para que tu me adivinhes,
entre os ventos taciturnos,
apago meus pensamentos,
ponho vestidos noturnos,

- que amargamente inventei.

E, enquanto não me descobres,
os mundos vão navegando
nos ares certos do tempo,
até não se sabe quando...

e um dia me acabarei.


Cecília Meireles

domingo, 13 de abril de 2008

Meu pai gostava e eu também!

Finalmente era sexta-feira.
Dia em que eu viajava com meu pai para sua casa no interior de São Paulo.
No caminho, ele gostava de prosear, contar histórias e eu de ouvir cada uma delas sempre muito boas.
Mas além da prosa, gostavamos de aproveitar o final de semana na represa da região para pescar.
No sábado, bem cedinho, era o momento de se equipar, eu colocava minha galochinha, arrumava uma mochila com alguns apetrechos tipo: toalha de rosto, bandaide, boné, garrafa de água, protetor solar e equipamentos de pesca...
Muito rapidamente engolia o café da manhã...e lá estavamos nós a caminho da represa.
Não era nada fácil a chegada, deciamos um morro bem alto e cheio de perigos, que me sentia nos filmes de Indiana Jones... escorregava, caia, afundava o pé na lama...terrível e adorável ao mesmo tempo...
Mas o legal das aventuras, era compartilhar com meu pai desses momentos...o bom, é que eu sabia o quanto era especial.
Passava a maior parte do tempo arrumando as iscas (micro peixes ou minhocas) para ele pescar os peixões, ele é que tinha o equipamento adequado...eu era uma espécie de assistente...mas... eficiente!
Ficávamos lá...em silêncio...(norma de pescador) e quando vinha o peixe era a nossa festa...
Podia fazer chuva e sol, nada nos detinha, enfrentavamos o tempo e os peixes da represa...bem verdade que eu não achava tão bom assim ver os pobrezinhos fisgados com aquele anzol gigantesco...mas a aventura era essa mesmo, então eu me conformava.
E assim, eu ficava olhando a boia flutuando...e muitas vezes a imaginação corria a solta...em alguns momentos eu parava para vê-lo pescar e com toda serenidade do mundo ele ganhava todo o espaço com sua pessoa...gente do bem esse meu pai... aliás, éramos mais amigos do que pai e filha...
O dia passava...pela tardezinha, íamos rumo a estrada de terra ao encontro de alguém combinado ou pegar caronas, muitas vezes na parte de trás dos caminhões como os boia fria...experiências...
Chegando na casa de meu pai, vinha a parte de cuidar das bolhas do pé, tomar um banho quentinho, jantar e ir para a varanda (nos dias quentes, claro), jogar conversa fora...ficar ouvindo as músicas que vinham da casa vizinha, um violão e boca que cantava músicas regionais/caipiras... e eu que não gosto nem um pouco disso, ficava olhando para a noite escura,o céu estrelado e meu pai ali falando e rindo...das nossas aventuras do dia...e eu nunca mais vou esquecer disso!
*-*


Almir Sater e Renato Teixeira, fizeram parte desta fase e uma das músicas que eu ouvia da varanda com meu pai era... "No Rancho Fundo".

sábado, 12 de abril de 2008

Timidez

E andando pela cidade com um céu azul... limpinho que a tempos não via aqui na cidade, algumas nuvens quase brancas total...tocou no rádio "Timidez" de Biquíne Cavadão...e sabe de uma coisa...
Achei graça!


Biquíni Cavadão - Timidez


Toda vez que te olho,
Crio um romance.
Te persigo, mudo todos instantes.
Falo pouco pois não sou de dar indiretas.
Me arrependo do que digo em frases incertas
Se eu tento ser direto, o medo me ataca
sem poder nada fazer.

Sei que tento me vencer e acabar com a mudez
Quando eu chego perto, tudo esqueço e não tenho vez
Me consolo, foi errado o momento, talvez,
Mas na verdade, nada esconde essa minha timidez

Eu carrego comigo a grande agonia
De pensar em você, toda hora do dia
Eu carrego comigo, a grande agonia
Na verdade nada esconde essa minha timidez

Talvez escreva um poema
No qual grite o seu nome
Nem sei se vale a pena
Talvez só telefone
Eu me ensaio, mas nada sai:
O seu rosto me distrai.

E, como um raio, eu encubro , eu disfarço , eu camuflo, eu desfaço,
Eu respiro bem fundo, hoje eu digo pro mundo,
Mudei rosto e imagem, mas você me sorriu,
Lá se foi minha coragem, você me inibiu...

UFA!

Ler o poeta é sempre um luxo para mim...quando escreve mostra o que gosta de fazer...ESCREVER.

ENTÃO:

Metáfora
Gil

Uma lata existe para conter algo
Mas quando o poeta diz: "Lata"
Pode estar querendo dizer o incontível

Uma meta existe para ser um alvo
Mas quando o poeta diz: "Meta"
Pode estar querendo dizer o inatingível

Por isso, não se meta a exigir do poeta
Que determine o conteúdo em sua lata
Na lata do poeta tudonada cabe
Pois ao poeta cabe fazer
Com que na lata venha caber
O incabível

Deixe a meta do poeta, não discuta
Deixe a sua meta fora da disputa
Meta dentro e fora, lata absoluta
Deixe-a simplesmente metáfora


sexta-feira, 11 de abril de 2008

E agora Lulu?

E não é que o moço já faz parte da minha vida?
Ele sempre aparece por aqui...esse tal de Lulu Santos...rs*...
Como já tem o post da letra da música "Apenas mais uma de amor", é justo que o video compareça.
Hoje me lembrei do início de tudo...eu nem fazia ideia que a graça de tudo estaria em transformar cada vírgula em pura poesia...e como o poeta é bonito!
Então...o video também merece estar aqui...até porque recordar é viver...


Lulu Santos - Apenas Mais Uma de Amor (Acústico MTV)

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Coisa mais bonita...

Fazia tanto tempo que eu não ouvia essa música, foi assim entrando pela minha alma...penetrou meu coração e....me trouxe os olhos...que olhar tem o poeta...
Adoro suas canções...sempre embalando a gente como crianças crescidas...em busca de aventuras....de amar...
"O tempo me guardou você", Ivan Lins...isso mesmo, ele é maravilhoso nesta interpretação...
Este post vai para quem está só...para quem fica....para quem namora...para quem mora...para quem esta casado...para quem se separou...para todos os sexos...para todos que amam...para mim...e para vocês!
Todos merecemos Ivan Lins em uma noite de lua... seja ela qual for...
Como hoje chove... a lua se fez aqui na (Meia Lua...




O Tempo Me Guardou Você
Ivan Lins
Composição: Ivan Lins & Celso Viáfora


Coisa mais bonita
Onde você estava?
Em que terra, em que país?
Toda minha vida
Sinto que esperava
Por você pra ser feliz

A gente se amava
Antes de se conhecer
O tempo me guardou você
O tempo me guardou você

Coisa mais bonita
Tudo que procuro
E já nem sonhava ter
Você não acredita
O quanto era escuro
Ter a luz e não prever

Pega meu futuro
Jura que não vai perder
O tempo me guardou você
O tempo me guardou você
O tempo me guardou você

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Ele é talento!

Fui em uns 4 ou 5 shows de Toquinho, um talento com o violão, é como se os dois fossem um só...ele toca com tanta naturalidade, sem um mínimo de esforço...aí vc percebe como ele ama o que faz...
Ele é carismático, um bom papo, simpático, tem talento e é muito bonito tb... a Rita que o diga, uma amiga completamente apaixonada por tudo o que diz respeito a ele e graças a ela, conheci ele pessoalmente e comprovei que ele é tudo isso mesmo...
Aí fui chegando... porta a dentro ... largando tudo pelo caminho...com soninho nos olhos...lembrei de um sorriso...
Toquinho, graças a Rita e ao sonhar que vc proporciona para todos nós, o post de hoje é seu...




Esse seu olhar

Toquinho

Este seu olhar
Quando encontra o meu
Fala de umas coisas
Que eu nem posso acreditar
Doce é sonhar
É pensar que você
Gosta de mim
Como eu de você
Mas a ilusão
Quando se desfaz
Dói no coração de que sonhou
Sonhou demais
Ah, se eu pudesse entender
O que dizem os seus olhos

terça-feira, 8 de abril de 2008

Ela tem samba no pé!

Falo pouco do samba...mas quando falo...então me lembro dela... Elza Soares, que para mim é uma Diva da música brasileira...cantando "Malandro"...juntamente com Jorge Aragão...um verdadeiro show...aí deu vontade de sair sambando, aliás... dei uns gingados por aqui e muitos risos também... só ouvindo ela...eta Elza!
Hoje o post é só alegria...


Malandro

Elza Soares
Composição: Jorge Aragão

Lá laiá laiá laiá laiá laiá laiá laiá (2x)

Malandro
Eu ando querendo falar com você
Você tá sabendo que zeca morreu
Por causa de brigas que teve com a lei

Malandro
Eu sei que você nem se liga no fato
De ser capoeira muleque mulato
Perdido no mundo morrendo de amor ô ô

Malandro
Sou eu que te falo em nome daquela
Que na passarela é porta-estandarte
E lá na favela tem nome de flor
Malandro
Só peço favor que te tenhas cuidado
As coisas não andam tão bem pro seu lado
Assim você mata rosinha de dor

domingo, 6 de abril de 2008

En_tre... os... Es_pa_ços

Neste domingo de frio, pensando só em coisas boas...
Djavan cantando Se...e Clarice Lispéctor chegando... para completar meu dia...
Fui fazendo uma combinação de um com o outro... e comigo... e com você... e assim, um se fez com o outro aqui...nos espaços entre uma coisa e outra...
E quer saber?... eu gosto disso...
...que me leva sempre à alguém que escreve...me sinto sempre no "Se"?


Dá-me a Tua Mão
Dá-me a tua mão: Vou agora te contar como entrei no inexpressivo que sempre foi a minha busca cega e secreta. De como entrei naquilo que existe entre o número um e o número dois, de como vi a linha de mistério e fogo, e que é linha sub-reptícia. Entre duas notas de música existe uma nota, entre dois fatos existe um fato, entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam existe um intervalo de espaço, existe um sentir que é entre o sentir - nos interstícios da matéria primordial está a linha de mistério e fogo que é a respiração do mundo, e a respiração contínua do mundo é aquilo que ouvimos e chamamos de silêncio.
Clarice Lispector



Se
Djavan

Você disse
Que não sabe "se não"
Mas também
Não tem certeza que "sim"...

Quer saber?
Quando é assim
Deixa vir do coração
Você sabe
Que eu só penso em você
Você diz
Que vive pensando em mim...

Pode ser
Se é assim
Você tem que largar
A mão do "não"
Soltar essa louca
Arder de paixão
Não há como doer
Prá decidir
Só dizer "sim" ou "não"
Mas você adora um "se"...

Eu levo a sério
Mas você disfarça
Você me diz à beça
E eu nessa de horror
E me remete ao frio
Que vem lá do sul
Insiste em "zero" a "zero"
Eu quero "um" a "um"...

Sei lá, o que te dá
Não quer meu calor
São Jorge, por favor
Me empresta o dragão
Dragão!
Mais fácil aprender
Japonês em braile
Do que você decidir
Se dá ou não...

Você disse
Que não sabe "se não"
Mas também
Não tem certeza que "sim"...

Quer saber?
Quando é assim
Deixa vir do coração
Você sabe
Que eu só penso em você
Você diz
Que vive pensando em mim...

Pode ser
Se é assim
Você tem que largar
A mão do "não"
Soltar essa louca
Arder de paixão
Não há como doer
Prá decidir
Só dizer "sim" ou "não"
Mas você adora um "se"...

Eu levo a sério
Mas você disfarça
Você me diz à beça
E eu nessa de horror
E me remete ao frio
Que vem lá do sul
Insiste em zero a zero
Eu quero um a um...

Sei lá, o que te dá
Não quer meu calor
São Jorge, por favor
Me empresta o dragão
Dragão!
Mais fácil aprender
Japonês em braile
Do que você decidir
Se dá ou não...

sábado, 5 de abril de 2008

Eles são adoráveis...

Ela é conhecida por sua paixão, seu vocal contagiante, sua performance em palco...linda!
Ele, popular na década de 1960, é conhecido por sua voz e suas versões de canções populares.
Gosto muito dos dois, Patti LaBelle e Joe Cocker, também adoro a música, "You are so beautiful" que é apaixonante.
Achei por acaso este video que juntou, em uma apresentação contagiante, as 3 coisas que me fizeram feliz hoje ...é muito bom, vale dar uma espiada.


Patti LaBelle, diva do soul, nasceu em 1944, no estado americano da Filadélfia. Cresceu cantando num coral da Igreja Batista local e, desde que começou na carreira, destacou-se por passear por entre diversos estilos, do pop às baladas, passando pelo funk. Entre seus maiores sucessos estão “Lady Marmalade”, “If You Only Knew” e “On My Own”. Em 1991, com o álbum Burnin’, recebeu um Grammy de melhor performance R&B feminina.

Joe Cocker, OBE (Sheffield, 20 de maio de 1944) é um cantor britânico de música pop influenciado pela soul music no início da carreira.

Seu primeiro grande sucesso foi "With a Little Help from My Friends", uma versão da música dos Beatles gravada com o guitarrista Jimmy Page. No mesmo ano ele apareceu no Festival de Woodstock. Coker ainda conseguiu mais alguns hits com "She Came Through the Bathroom Window" (outra versão de uma música dos Beatles), "Cry Me a River" e "Feelin Alright". Em 1970 sua versão ao vivo do sucesso "The Letter" dos Box Tops, lançado na compilação Mad Dogs & Englishmen tornou-se sua primeira canção a entrar no Top Ten americano.

No começo dos anos 70 ele teve problemas com drogas e álcool que acabaram atrapalhando sua carreira. Ele conseguiu, entretanto, se livrar e retornar nos anos 80, conseguindo grande sucesso até os anos 90 com as canções "Up Where We Belong", "You Are So Beautiful", "When The Night Comes" e "Unchain My Heart", tema da novela brasileira Sassaricando. É conhecido no Brasil por cantar o tema de abertura da série Anos Incríveis, exibido pela TV Cultura, TV Bandeirantes, Multishow e Rede 21, até voltar à TV Cultura. Em 2002 sua regravação da musica Never Tear us apart da banda INXS foi tema de sucesso da novela Coração de Estudante. Wikipédia



Patti Labelle & Joe CockerYou are so beautiful 1985


You are so beautiful

You Are So Beutiful
Você é tão linda
To Me
Para mim
You Are So Beautiful
Você é tão linda
To Me
Para mim
Can't You See?
Você não vê?
You're Everything I Hoped For
Você é tudo que eu tenho esperado
You're Everything I Need
Você é tudo que eu preciso
You Are So Beautiful
Você é tão linda
To Me
Para mim

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Paga-se com alegria!

Caminhando dia a dentro, mal vejo o poeta e seus textos...vejo algumas vezes o seu sussurro que não entendo...a fala sem o som das palavras...um passar de lá pra cá...e o som do seu riso...
Mas ouço atenta, para suprir o que pouco vejo, aquelas em que escreve com tanto talento suas próprias experiências...seus momentos...sua ficção...e o vejo mais perto do que nunca...
Sigo em frente...buscando a poesia que coloca minha vida em sonho...e sonho com o poeta...
E sonhando, vejo novamente a amiga Clarice Lispector, que me da alegria...em "Precisa-se".


"PRECISA-SE"

Sendo este um jornal por excelência, e por excelência dos precisa-se e oferece-se, vou pôr um anúncio em negrito: precisa-se de alguém homem ou mulher que ajude uma pessoa a ficar contente porque esta está tão contente que não pode ficar sozinha com a alegria, e precisa reparti-la. Paga-se extraordinariamente bem: minuto por minuto paga-se com a própria alegria. É urgente pois a alegria dessa pessoa é fugaz como estrelas cadentes, que até parece que só se as viu depois que tombaram; precisa-se urgente antes da noite cair porque a noite é muito perigosa e nenhuma ajuda é possível e fica tarde demais. Essa pessoa que atenda ao anúncio só tem folga depois que passa o horror do domingo que fere. Não faz mal que venha uma pessoa triste porque a alegria que se dá é tão grande que se tem que a repartir antes que se transforme em drama. Implora-se também que venha, implora-se com a humildade da alegria-sem-motivo. Em troca oferece-se também uma casa com todas as luzes acesas como numa festa de bailarinos. Dá-se o direito de dispor da copa e da cozinha, e da sala de estar. P.S. Não se precisa de prática. E se pede desculpa por estar num anúncio a dilarecerar os outros. Mas juro que há em meu rosto sério uma alegria até mesmo divina para dar.
Clarice Lispector

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Me lembrei!

Em uma tarde de sábado, mais ou menos em 1980, minha mãe levou eu e minha irmã do meio, no cinema do bairro, para vermos a sessão dupla de dois clássicos do cinema italiano, "Marcelino Pão e Vinho" e " Dio Come Ti Amo".
Me lembro de chorar muito nos dois filmes, acho que foi a primeira vez que eu assistia a filmes que me tocaram tão fundo e com tão pouca idade acabei descobrindo o amor...aquele que pega no coração...

Hoje, vasculhando ainda o mundo da música italiana, estava eu no You Tube e acabei encontrando GIGLIOLA CINQUETTI, cantora italiana e através dela o video do filme "Dio Come Ti Amo", me lembrou uma fase tão boa de descobertas e emoções...que ganhou um post aqui!




Dio Come Te Amo

GIGLIOLA CINQUETTI

Nel cielo passano le nuvole
Che vanno verso al mare
Sembrano fazzoletti bianchi
Che salutano il nostro amore.

Dio come te amo non é possibile
Avere tra le braccia tanta felicitá
Baciare le tue labbra che odorano di vento
Noi due innamorati come nessuno al mondo.

Dio come te amo mi vien da piangere
In tutta la mia vita non ho provato mai
Un bene cosi caro, un bene cosi vero
Chi può fermare il fiume che corre verso il mare
Le rondine nel cielo che vanno verso il sole
Chi può cambiare l'amore mio per te.

Dio come te amo
Dio come te amo.



Deus como te amo (tradução)

No céu passam nuvens
Que vão de encontro ao mar
Lembram lenços brancos
Que saúdam o nosso amor

Deus como te amo
Não é possível
Ter entre os braços
Tanta felicidade

Beijar teus lábios
Com perfume do vento
Nós, dois apaixonados
Como ninguém no mundo

Deus como te amo
Tenho vontade de chorar
Em toda minha vida
Nunca senti isso

Um sentimento querido
Um sentimento verdadeiro
Que pode parar um rio
Que vai de encontro ao mar

As andorinhas no céu
Que vão de encontro ao sol
Que podem mudar o amor
Meu amor por você

Deus como te amo!

Um sentimento querido
Um sentimento verdadeiro
Que pode parar um rio
Que vai de encontro ao mar

As andorinhas no céu
Que vão de encontro ao sol
Que podem mudar o amor
Meu amor por você

Deus como te amo
Deus como te amo

terça-feira, 1 de abril de 2008

O texto vira arte

As vezes gostamos tanto de algo que nos faltam palavras...palavras faladas, palavras escritas e acabamos envolvidos em um grande silêncio....

O texto e a arte são fascinantes...
...todos que fazem arte, deveriam experimentar escrever...e todos que escrevem, deveriam fazer mais arte...

A arte me evolve a sensibilidade... o sentir...amo o que não é visto e sim imaginado e colocado como arte seja como for...
O texto é a minha admiração por quem escreve o que vê nas palavras... traduzem os sentidos, sentimentos, as questões mais profundas da alma e da realidade dos fatos...

Clarice Lispector traduz bem esta questão... que para mim, é mais ou menos assim...*-*



Sobre a escrita
[Clarice Lispector]

Meu Deus do céu, não tenho nada a dizer. O som de minha máquina é macio.

Que é que eu posso escrever? Como recomeçar a anotar frases? A palavra é o meu meio de comunicação. Eu só poderia amá-la. Eu jogo com elas como se lançam dados: acaso e fatalidade. A palavra é tão forte que atravessa a barreira do som. Cada palavra é uma idéia. Cada palavra materializa o espírito. Quanto mais palavras eu conheço, mais sou capaz de pensar o meu sentimento.

Devemos modelar nossas palavras até se tornarem o mais fino invólucro dos nossos pensamentos. Sempre achei que o traço de um escultor é identificável por um extrema simplicidade de linhas. Todas as palavras que digo - é por esconderem outras palavras.

Qual é mesmo a palavra secreta? Não sei é porque a ouso? Não sei porque não ouso dizê-la? Sinto que existe uma palavra, talvez unicamente uma, que não pode e não deve ser pronunciada. Parece-me que todo o resto não é proibido. Mas acontece que eu quero é exatamente me unir a essa palavra proibida. Ou será? Se eu encontrar essa palavra, só a direi em boca fechada, para mim mesma, senão corro o risco de virar alma perdida por toda a eternidade. Os que inventaram o Velho Testamento sabiam que existia uma fruta proibida. As palavras é que me impedem de dizer a verdade.

Simplesmente não há palavras.

O que não sei dizer é mais importante do que o que eu digo. Acho que o som da música é imprescindível para o ser humano e que o uso da palavra falada e escrita são como a música, duas coisas das mais altas que nos elevam do reino dos macacos, do reino animal, e mineral e vegetal também. Sim, mas é a sorte às vezes.

Sempre quis atingir através da palavra alguma coisa que fosse ao mesmo tempo sem moeda e que fosse e transmitisse tranqüilidade ou simplesmente a verdade mais profunda existente no ser humano e nas coisas. Cada vez mais eu escrevo com menos palavras. Meu livro melhor acontecerá quando eu de todo não escrever. Eu tenho uma falta de assunto essencial. Todo homem tem sina obscura de pensamento que pode ser o de um crepúsculo e pode ser uma aurora.

Simplesmente as palavras do homem.