"Tudo começou pelo olhar. Foi nos meus olhos que o amor começou...Eu só tinha aquilo que meus olhos ofereciam: uma imagem. Imagens são criaturas de luz. Foi isto que meus olhos viram, foi isto que amei..." [Rubem Alves]

domingo, 13 de abril de 2008

Meu pai gostava e eu também!

Finalmente era sexta-feira.
Dia em que eu viajava com meu pai para sua casa no interior de São Paulo.
No caminho, ele gostava de prosear, contar histórias e eu de ouvir cada uma delas sempre muito boas.
Mas além da prosa, gostavamos de aproveitar o final de semana na represa da região para pescar.
No sábado, bem cedinho, era o momento de se equipar, eu colocava minha galochinha, arrumava uma mochila com alguns apetrechos tipo: toalha de rosto, bandaide, boné, garrafa de água, protetor solar e equipamentos de pesca...
Muito rapidamente engolia o café da manhã...e lá estavamos nós a caminho da represa.
Não era nada fácil a chegada, deciamos um morro bem alto e cheio de perigos, que me sentia nos filmes de Indiana Jones... escorregava, caia, afundava o pé na lama...terrível e adorável ao mesmo tempo...
Mas o legal das aventuras, era compartilhar com meu pai desses momentos...o bom, é que eu sabia o quanto era especial.
Passava a maior parte do tempo arrumando as iscas (micro peixes ou minhocas) para ele pescar os peixões, ele é que tinha o equipamento adequado...eu era uma espécie de assistente...mas... eficiente!
Ficávamos lá...em silêncio...(norma de pescador) e quando vinha o peixe era a nossa festa...
Podia fazer chuva e sol, nada nos detinha, enfrentavamos o tempo e os peixes da represa...bem verdade que eu não achava tão bom assim ver os pobrezinhos fisgados com aquele anzol gigantesco...mas a aventura era essa mesmo, então eu me conformava.
E assim, eu ficava olhando a boia flutuando...e muitas vezes a imaginação corria a solta...em alguns momentos eu parava para vê-lo pescar e com toda serenidade do mundo ele ganhava todo o espaço com sua pessoa...gente do bem esse meu pai... aliás, éramos mais amigos do que pai e filha...
O dia passava...pela tardezinha, íamos rumo a estrada de terra ao encontro de alguém combinado ou pegar caronas, muitas vezes na parte de trás dos caminhões como os boia fria...experiências...
Chegando na casa de meu pai, vinha a parte de cuidar das bolhas do pé, tomar um banho quentinho, jantar e ir para a varanda (nos dias quentes, claro), jogar conversa fora...ficar ouvindo as músicas que vinham da casa vizinha, um violão e boca que cantava músicas regionais/caipiras... e eu que não gosto nem um pouco disso, ficava olhando para a noite escura,o céu estrelado e meu pai ali falando e rindo...das nossas aventuras do dia...e eu nunca mais vou esquecer disso!
*-*


Almir Sater e Renato Teixeira, fizeram parte desta fase e uma das músicas que eu ouvia da varanda com meu pai era... "No Rancho Fundo".

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