"Tudo começou pelo olhar. Foi nos meus olhos que o amor começou...Eu só tinha aquilo que meus olhos ofereciam: uma imagem. Imagens são criaturas de luz. Foi isto que meus olhos viram, foi isto que amei..." [Rubem Alves]

sábado, 1 de março de 2008

A certeza que não tenho mais…

Um dia, caminhando na rua com meu pai, eu tinha uns 9 anos, bem perto de casa, olhei para ele com aquele olhar inocente e disse:
—Porque o senhor está tão triste hoje?
Ele, com aquele sorriso que não enganava ninguém, muito menos uma garotinha sabida como eu era, falou:
— Nada não filhota, quando você crescer vai ver como os adultos são bobos, alguns problemas tomam conta e a gente fica assim... com essa cara.
Eu não me contentando, peguei firme na sua mão e falei:
— Pois quando eu ficar grande, nada vai me tirar o sorriso do rosto, não vou dar bola para os problemas, vou só pensar coisas boas e não quero ficar triste assim…
Ele me olhou, sorriu, e continuamos caminhando…
Lembro bem dos sentimentos daquele momento que falei com ele, era aquilo mesmo, eu tinha uma certeza que hoje não tenho mais…virei adulta…talvez, mais rápido do que deveria…sei lá...
Hoje, me pego tendo atitudes que contrariam minhas verdades que são muito levadas a sério. Nem sempre foi assim, porque agora é? Porque não me dispeço com um simples tchau…como faço com todas as pessoas? Porque antes eu não via e agora vejo todo o tempo? Porque fiz com que as coisa fossem assim? Porque assumo tudo o que cai na minha mão, menos isso? Porque aquela garotinha que morava dentro de mim me deixou como tantas outras coisas que se foram??? Porque…?Porque….? Porque…?
Sabe quando você não sabe o porque?
E na calada da noite, depois de uma saideira com amigos…encontrei “Hilda Hilst”, uma poeta apaixonada, poderosa com suas palavras escritas colocadas uma a uma, interpretando seus sentimentos mais profundos…os meus também…E ela se fez aqui!


“De montanhas e barcas nada sei.
Mas sei a trajetória de uma altura
E certa fundura de águas
E há de me levar a ti uma das duas.
De ares e asas não percebo nada.
Mas atravesso abismos e um vazio de avessos
Para tocar a luz do teu começo.
Das pedras só conheço as ágatas.
Mas arranco do xisto as esmeraldas
Se me disseres que é verde a dádiva
Que responde as perguntas da Ilusão.
E posso me ferir no gelo das espadas
Se me quiseres banhada de vermelho”.
HILDA HILST

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