Apesar de ter vivido dias difíceis, por falta de entendimento e compreensão principalmente de minha parte...encontrei o sorriso na sexta passada...fazia uns dias que não o via assim...quando ouço este sorriso minha alma se ilumina e ninguém pode tirar isso de mim...e no final do dia, no corredor... não só ouvi como pude ver de frente aquele sorriso que acabou me alegrando por todo o final de semana...ele vinha em minha mente todo o tempo...e mais uma vez o poeta se fez aqui...
E quando encontrei Camões ele confirmou meu sentimento...e eu sorri também...
Glosa a mote alheio
"Vejo-a na alma pintada,
Quando me pede o desejo
O natural que não vejo."
Se só no ver puramente
Me transformei no que vi,
De vista tão excelente
Mal poderei ser ausente,
Enquanto o não for de mi.
Porque a alma namorada
A traz tão bem debuxada
E a memória tanto voa,
Que, se a não vejo em pessoa,
"Vejo-a na alma pintada."
O desejo, que se estende
Ao que menos se concede,
Sobre vós pede e pretende,
Como o doente que pede
O que mais se lhe defende.
Eu, que em ausência vos vejo,
Tenho piedade e pejo
De me ver tão pobre estar,
Que então não tenho que dar,
"Quando me pede o desejo."
Como àquele que cegou
É cousa vista e notória,
Que a Natureza ordenou
Que se lhe dobre em memória
O que em vista lhe faltou,
Assim a mim, que não rejo
Os olhos ao que desejo,
Na memória e na firmeza
Me concede a Natureza
"O natural que não vejo."
Luís de Camões
domingo, 16 de março de 2008
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