"Tudo começou pelo olhar. Foi nos meus olhos que o amor começou...Eu só tinha aquilo que meus olhos ofereciam: uma imagem. Imagens são criaturas de luz. Foi isto que meus olhos viram, foi isto que amei..." [Rubem Alves]

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

A tristeza é tão ruim assim?

"A felicidade é benéfica para o corpo, mas é a tristeza que desenvolve os poderes da mente."
[Maurice Proust]

Dia desses, estava eu conversando com amigos sobre o que nos deixa tão tristes, porque tem dias que ficamos tão melancólicos…é interessante como para cada um de nós a tristeza pega de um jeito.
Tem gente que gosta de estar triste…outros são mais criativos quando estão tristes…a quem valorize tanto a triteza como sendo algo ruim que acabam sempre tristes…tem pessoas que são tão pessimistas que vivem lendo, ouvindo e convivendo com as desgraças do mundo, alimentando suas tristezas que as vezes levam a depressão.
Nesta conversa “cabeça”…rs…tomei uma certa conciência sobre o sentimento de tristeza e cheguei a uma conclusão: para mim a tristeza é benéfica e não ruim… talvez porque tenho a facilidade de ver as coisas boas do mundo quando estou conectada a ela.

Os grandes pensadores, poetas, escritores, pintores, músicos…se revelam em seus melhores trabalhos, quando estão melancólicos, tristes e por vezes até deprimidos.

O post de hoje vai para a tristeza, quer dizer, o lado bom da tristeza…

ela me faz descobrir sentimentos profundos escondidos em mim mesma, me faz ponderar nos motivos, nas intenções e nos interesses…
Não sou nenhuma estudiosa, ou ex-perte no assunto, apenas gosto de compreender as coisas da vida…então, não veja a minha tristeza como verdade, mas procure respostas para a sua própria tristeza…afinal ela é só sua…

A seguir deixo algumas definições sobre o sentimento de “Tristeza”, e uma entrevista que encontrei da revista Época com o sociólogo Americano Allan V. Horwitz, escritor do “The loss of Sadness”, (A Perda da Tristeza). *-*


Definição de Tristeza:
1 Qualidade ou estado de triste; estado afetivo caracterizado pela falta de alegria, pela melancolia
2 Caráter do que desperta esse estado
Ex.: daquela noite ficou marcada em sua alma
3 Falta de alento; desânimo, desalento, esmorecimento
4 Momento em que preva
5 Falta de alegria; melancolia.
6 Abatimento, consternação.
7 Aspecto de quem revela aflição; mágoa, estado de melancolia, de desânimo, de aflição

Tristeza
É um sentimento humano que expressa desânimo ou frustração em relação a alguém ou algo. É o oposto da alegria. A tristeza pode causar reações físicas como depressão nervosa, choro e insônia.

A tristeza pode ser originada da perda de algo ou de alguém que se tinha de muito valor; esta emoção pode ser potencializada se aquele que sofre de tristeza passa a acreditar que poderia ter feito algo para recuperar ou evitar a perda, mesmo que este algo a fazer seja na prática impossível de se concretizar, e independe da vontade do triste.

É comum a tristeza ser descrita como algo amargo, ou como uma dor, ou como sentimento de incapacidade, ou ainda como algo escuro (trevas).

A tristeza pode ser a consequência de emoções como o egoísmo, a insegurança, a baixa auto-estima, a inveja e a desilusão. São emoções que, quando não são tratadas logo, podem terminar gerando tristeza, ou em casos extremos a depressão nervosa.

Não apenas sintomas psicológicos são resultantes da tristeza. Em casos de angústia prolongada o indivíduo pode passar a apresentar sintomas de hipertensão, problemas de pele e a queda e o embranquecimento precoce dos cabelos. Também o coração pode ficar fisicamente comprometido podendo levar a vítima a quadros graves: arritmia, ataque cardíaco, dentre outros problemas. A tristeza pode vir de fora para dentro; quando é gerada por elementos que circundam o indivíduo; ou de dentro para fora; quando simplesmente surge por uma inadaptação do indivíduo ao meio.
Wikipédia.

Sociólogo americano diz que a psiquiatria transformou um sentimento normal em um problema médico
A revista Época fez uma entrevista com o sociólogo americano Allan V. Horwitz, escritor do "The Loss of Sadness: how Psychiatry Transformed Normal Sorrow into Depressive Disorder" (A Perda da Tristeza: como a Psiquiatria Transformou a Tristeza Comum em Desordem Depressiva)

ENTREVISTA

ÉPOCA – O que significa a “perda da tristeza” que dá nome ao livro?
Allan V. Horwitz – Tristeza é a resposta normal a perdas que sofremos na vida. Agora se tornou comum chamá-la de “depressão”. Algo normal foi transformado em doença. A cultura dos antidepressivos transformou em doença dificuldades que fazem parte da vida.

ÉPOCA – Que sintomas caracterizam a tristeza e a depressão?
Horwitz – Segundo o manual de diagnósticos da psiquiatria (DSM-4), se 5 sintomas de uma lista de 9 durarem mais de 2 semanas, os médicos dizem que há depressão. São eles: perda do humor; perda de interesse por atividades prazerosas; ganho de peso ou perda de apetite; insônia ou excesso de sono; agitação ou apatia; cansaço; sentimento de culpa e baixa auto-estima; dificuldade de concentração e de decisão; pensamentos recorrentes sobre morte ou tentativa de suicídio.

ÉPOCA – Então, qual é a diferença entre tristeza e depressão?
Horwitz –Ficamos naturalmente tristes pelas perdas do dia-a-dia, como de um relacionamento amoroso, de um emprego, de uma notícia de que seu estado de saúde não é bom. Ou quando há condições estressantes – como a pobreza – ou relações sociais em que se sofrem abusos, como os de poder. São situações ruins, mas sofrê-las não significa que algo esteja errado. É diferente da depressão, que surge sem razão específica. Não precisa ter acontecido algo terrível para surgir a depressão, que tem características biológicas. Ainda assim, a maior diferença não é o que acontece no cérebro. É o que ocorre dentro do contexto social. É dar à tristeza o ar de doença.

ÉPOCA – Depois de quanto tempo a tristeza passa a ser um quadro preocupante?
Horwitz – Não existe uma linha divisória definida. Podemos dizer que se uma tristeza dura mais de dois meses algo pode estar errado. Mas não significa que não tenha solução. O que importa é que estão tratando quem levou um fora do namorado e não consegue se concentrar, dormir ou comer direito da mesma maneira que a alguém com sintomas que persistem por longos períodos. Ficar na fossa quando um namoro acaba é a resposta natural a um estresse, e não um distúrbio mental.

ÉPOCA – A tristeza pode ser boa? O que podemos aprender com ela?
Horwitz – Uma situação dolorosa nunca é boa. A tristeza que envolve a perda pela morte de alguém que foi importante para nós é dura e custa a passar. Por outro lado, a perda do emprego e o fim de um relacionamento amoroso são circunstâncias que nos fazem parar para pensar. Revemos defeitos, analisamos conseqüências de nossos atos. Isso ajuda a encontrar equilíbrio na hora de começar de novo. A pessoa ganha maturidade.

ÉPOCA – Como superar as fases mais complicadas?
Horwitz – O melhor a fazer é conversar com pessoas próximas. Falar com amigos e parentes. Procurar o apoio de quem nos conhece é o remédio ideal. A terapia também pode ajudar. Especialmente nos casos em que a tristeza se prolonga.

Fonte: Revista Época

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