"Tudo começou pelo olhar. Foi nos meus olhos que o amor começou...Eu só tinha aquilo que meus olhos ofereciam: uma imagem. Imagens são criaturas de luz. Foi isto que meus olhos viram, foi isto que amei..." [Rubem Alves]

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Alguém viu a lua esta noite?

Alguém viu a lua esta noite?
Linda como ela só, vento gelado e ela quase cheia iluminando todo o céu…com sorte, algumas pessoas como eu viram a lua…brilhando esta noite…

A lua cheia me trouxe alguns textos que tenho lido quando rodo por ai…lembrei de um que fala sobre a criação do mundo, um texto rico, inteligente e com um toque de humor…delicia…perfeito! Daria um post dele aqui, talvez um dia…o autor escreve seus textos com uma simplicidade e autênticidade incríveis, ganha a gente…ele é muito bom com as palavras escritas…já li muito dos seus textos por ai...ele tem várias moradias, difícil escolher a leitura...a vida real é muito boa com estes textos...
...tem um outro autor, o das teorias, que também gosto muito, às vezes o texto é sério e muito bom nas suas análises e outras bem divertido…dou risadas sozinha…dois talentos que conheci aqui nas minhas noitadas coloridas…

Isso tudo porque estou em fechamento…rs…parece que não tenho mais nada para fazer, mas com tudo o que tenho feito, ainda sobra tempo para dar um pulinho aqui…
Hoje, como não tenho a origem do mundo…o post vai para dois poemas de Pablo Neruda que também aprecio e gosto muito pelo seu romantismo…um deles está no alto junto a (cmoon, o outro vem agora…uma ótima lua para todos…*-*


O teu riso


Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.

Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.

Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.

À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera, amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.

Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.


Pablo Neruda

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