"Tudo começou pelo olhar. Foi nos meus olhos que o amor começou...Eu só tinha aquilo que meus olhos ofereciam: uma imagem. Imagens são criaturas de luz. Foi isto que meus olhos viram, foi isto que amei..." [Rubem Alves]

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Amores Possíveis

Quem nunca viveu algo assim...
De um lado, a vida real se apresenta...alguém resurge depois de tanto tempo e tenta reviver uma história que teve seus momentos bons... lá atrás...faz até juras de amor...parece uma boa chance de amar novamente, mas não é...
Do outro lado, o sonho...quanto mais difícil e distânte se apresenta, mais perto e profundo fica...ocupando todos os espaços...fazendo por vezes, você sofrer e até chorar...parece tão ruim, mais não é...
E o tempo vai passando, a ficha caindo e uma certa melâncolia vai se estabelecendo junto com uma boa dose de "simancol" …
Explicando:
[Simancol é um medicamento imaginário recomendado a pessoas que não se mancam. É usado no Brasil numa forma informal e obviamente com sentido sarcástico. Deriva da expressão se mancar, igualmente um regionalismo do Brasil, com o significado de perceber a inconveniência da sua própria atitude. Wikipédia]

E com uma boa dose de humor...além do remédio simancol (que aplico a mim mesma...rs), eu sugiro para quem tem histórias iguais ou semelhantes a está, um mergulho em qualquer coisa que realmente faça sentido...porque isso não faz sentido…lógico, se for possível...

Como o filme “Amores Possíveis” tem este contexto de encontros e desencontros, ele ganha um post...juntamente com Vinícius no desfecho...


Filme: Amores Possíveis

Sinopse
Há 15 anos, Carlos (Murilo Benício) foi ao cinema para se encontrar com Julia (Carolina Ferraz), sua colega de faculdade, por quem estava apaixonado. Entretanto, a espera é em vão, já que Julia não aparece, deixando Carlos sozinho no hall do cinema. Durante a espera, acontece algo que irá mudar a vida de Carlos para sempre. Quinze anos após este acontecimento, passamos a acompanhar três versões possíveis e distintas da vida de Carlos. Na primeira, ele é um homem que se divide entre a estabilidade de uma vida segura e um casamento morno e o desejo crescente de viver uma paixão. Na segunda, Carlos é um homossexual que colocou a paixão acima de tudo. E na terceira ele é um homem que ainda não descobriu o amor e que busca, em sucessivas e desastrosas experiências amorosas, a mulher ideal. Apenas uma destas vidas é real, sendo que outra é fictícia e a terceira é a que ele gostaria realmente de viver. Mas descobrir qual destas três possibilidades é a vida real de Carlos, é preciso voltar no tempo e conhecer o que realmente aconteceu com ele após a espera por Julia no hall de cinema.
www.interfilmes.com

O mote do filme:
É a questão das possibilidades, o jogo dos "ses". Se Carolina Ferraz encontrasse Murilo Benício naquela noite, o que seria de suas vidas? Se eles se reencontrassem quinze anos depois, o que aconteceria? O filme tenta um jogo formal ousado, narrando simultaneamente as três histórias, sem nenhuma indicação a priori para o espectador quando se troca de uma história para outra. Este nítido caos, na forma e na temática, torna (por que não?) o filme quase um exercício do virtual e do pós-moderno. Na primeira, MB é um executivo sério, casado com uma mulher sem graça mas que lhe dá segurança (Beth Goulart). Arruma uma amante (CF), mas após uma semana em que diz para a esposa que foi viajar a negócios, resolve voltar para a esposa. Na segunda, MB é um homossexual que resolve assumir seu lado e desmanchar seu casamento. Vivendo com outro homem, ele ocasionalmente vê sua esposa por causa do filho. Eventualmente, eles tentam voltar, mas MB acaba ficando com seu parceiro. Na terceira, MB é um garoto playboyzinho que tenta arrumar uma garota perfeita por um programa de computador (CF), mas de fato não consegue abandonar sua mãe (Irene Ravache). As três histórias representam várias gradações, do drama à comédia, do homem forte ao frágil (pelo menos na aparência, porque no fundo a fragilidade do homem é comum nas três histórias, do executivo ao playboy).

O que envolve essencialmente este projeto de Sandra Werneck é o caso típico das comédias românticas de Hollywood: um conflito entre um olhar para o passado, com um olhar geralmente nostálgico, e um contexto típico dos anos 90, com uma maior liberdade formal e uma maior ousadia nos temas. A comédia romântica americana dos anos 80 já veio se modificando, passando por experiências como as de Quatro Casamentos e um Funeral (recusando a união estável), Feitiço do Tempo, O Casamento do Meu Melhor Amigo, etc. No entanto, permanece a mesma, com um olhar nostálgico em vários casos (ver as referências a Tarde Demais para Esquecer em Sintonia de Amor) e com um tom tipicamente americano e reacionário: é um cinema conformista e conservador especialmente em seus finais.
www.geocities.com/Hollywood/Agency


E como carrego comigo alguns poetas que explicam tamanha "dor de amor", Vinícius insistiu em compartilhar deste momento...

Soneto a quatro-mãos



Tudo de amor que existe em mim foi dado

Tudo que fala em mim de amor foi dito

Do nada em mim o amor fez o infinito

Que por muito tornou-me escravizado.



Tão pródigo de amor fiquei coitado

Tão fácil para amar fiquei proscrito

Cada voto que fiz ergueu-se em grito

Contra o meu próprio dar demasiado.



Tenho dado de amor mais que coubesse

Nesse meu pobre coração humano

Desse eterno amor meu antes não desse.


Pois se por tanto dar me fiz engano

Melhor fora que desse e recebesse

Para viver da vida o amor sem dano.



Vinicius de Moraes / Paulo Mendes Campos

Nenhum comentário: