"Tudo começou pelo olhar. Foi nos meus olhos que o amor começou...Eu só tinha aquilo que meus olhos ofereciam: uma imagem. Imagens são criaturas de luz. Foi isto que meus olhos viram, foi isto que amei..." [Rubem Alves]

domingo, 22 de junho de 2008

O ESPELHO

Ela se levantou e caminhou até o espelho grande na parede...
Olhou bem dentro dos seus olhos e lá ficou...minutos antes, havia lido a carta que ele deixou sobre a mesa perto da porta...
Seus olhos abertos e petrificados ficaram olhando sua imagem.
Os pensamentos não se organizavam, sentia frio e o que a mantinha ali em pé, era o sol do inverno que tinha acabado de chegar e lhe tocava a face...
E assim ficou por horas...até que começou a lembrar letra por letra das palavras do seu amante... o papel da carta estava completamente borrado com as suas lágrimas...as letras se misturavam...ela suspirava e se consumia...
Ele havia explicado tudo, contado toda a verdade... o verdadeiro motivo que os separava tão bruscamente um do outro...sua partida...
Um amor que ela jamais tinha experimentado... se reprovava por não ter lhe dito a verdade sobre seus sentimentos...
Nada fazia mais sentido...apenas aquele olhar que paralisava sua face...
O sol foi partindo de seu rosto, o frio entrava pela sua pele congelando sua alma...ainda, em frente ao espelho que tinha lhe prendido por todo o dia...começou a respirar curto e rápido como quando se quer chorar...
Por um momento, fechou os olhos...escutou o vento arrastando as folhas das árvores...ergueu uma de suas mãos, tocou seus lábios secos e imobilizados...virou lentamente a cabeça para a janela... abriu os olhos...entre as folhas caindo e a noite surgindo, viu algo se movendo em sua direção...
Com muito esforço caminhou até a porta, colocou um casaco velho e amassado que estava pendurado ao lado...abriu a porta e fixou os olhos naquele ponto vindo ao seu encontro...
Era ele, vindo com um ar de quem havia caminhado por horas para chegar até alí...rosto pálido, nariz vermelho e o olhar apaixonado...parou a uns trinta metros dela...
Ela pode ver nos seus olhos a dor de amor que consumia não só a ela...
Sorriu...caminhou até ele...fechou seus olhos e ergueu a cabeça para o céu agradecendo...
Ele, tomou suas mãos até seus lábios e as beijou devotamente...
E se tocaram no olhar...
*-*

3 comentários:

Anônimo disse...

Linda história! É sua mesmo? Que legal!
Ah...sobre Chez Moi, é uma expressão em francês, que significa, mais ou menos, minha casa, mas no sentido mais abstrato, não físico, seria como meu canto, meu lar...resquícios de um ano de aula de francês, que adoro...rs
Bjaummmmmmm mana!

Cmoon... disse...

Fefs,
adorei Chez Moi, não sou boa em francês, mas adoro.
O texto é meu sim, são viagens que tenho de vez enquando, adoro estes meus delírios...rs
Que bom que gostou.
Bjs..maninha querida!
*-*

Anônimo disse...

Que texto bonito, você estava inspirada, romãntica.
Me liga quando puder, sei que trabalha, trabalha, trabalha :-)
beijo.